Escolha uma Página

Oi furacão lindo!!!

Eu mudei após a maternidade. E quantas outras mães também mudaram? Deve existir essa estatística em algum lugar. E eu arrisco a dizer que deve ser algo perto de 99% das mulheres.

A Maternidade não te muda só como mulher, ela é como um furacão que, apesar de noticiado, ninguém tem ideia do impacto que terá. Eu diria que a categoria – que varia de 1 a 5 – depende do quão informada e preparada você está. E então ele chega, e dá um medo… Algumas mães acham que não irão sobreviver. E sim, ele(a) tira TUDO do lugar.

E para quem acha que estar no olho do furacão é estar no caos, não assistiu aos filmes que carregam esse título. O olho do furacão é o lugar mais calmo deste acontecimento, céu aberto, ventos fracos, quase a sensação de que tudo passou. Eu diria que o puerpério é quando o furacão chega, e o olho do furacão é quando você começa a controlar sua rotina com o bebê e consegue colocar o banho em dia e escovar os dentes. Pronto! Aí você está no olho do seu furacão. O que não quer dizer que “acabou”, só que você está consciente de que pode dar conta e sim, sobreviverá. Longe de mim querer desanimar àquelas que ainda estão aguardando ansiosas seu furacãozinho chegar, mas vai por mim, nenhum jogo tem graça se as fases não forem ficando cada vez mais “desafiadoras”.

Eu subestimei o meu furacão, que após 39 semanas e 1 dia pudemos batizá-lo de Kalil (o baby Skeff surpresinha). Eu queria ser mãe desde que me entendo por gente e acabei sendo a que ficou pra titia de quatro irmãs. Mas tudo tem seu tempo. Enquanto isso, eu aprendi observando, participando e lendo. Ah, como eu li! Se tivesse uma pós graduação para me preparar para a maternidade, certamente eu teria feito.

Se tivesse um doutorado de como me preparar para furacões, também teria feito. Mas fiz o que? Publicidade e Propaganda, que não te prepara para muita coisa. A não ser que você queira anunciar seu bebê num “desapego”. Brincadeirinha!

Então, sabe aquele tal desejo de infância? O meu verdadeiro era ser médica, dessas que “colocam” bebê no mundo. Mas eu também gostava de desenhar e de alguma forma, a vida me conduziu pra isso. Em 2008 estava formada, empregada e, apenas seis meses depois, assumi a agência que eu trabalhava num acordo amigável com os sócios. Um puta presente. Não pretendo me aprofundar, mas o fato é que foram 14 anos vivendo numa montanha russa que não me fazia mais sentir emoção alguma. Mas sabe como é… tá confortável, você já conhece o trajeto, sabe onde dá mais medinho e fica ali, quietinha na zona de conforto porque os outros brinquedos parecem ser demais para você.

Mas voltemos ao furacão, que se eu associar ao parque de diversões já dá um filme. Pois bem, eu achei que tinha tudo sobre controle. Eu não era uma especialista em furacões, mas achava que tinha me preparado suficiente para ele. Por sorte a minha mãe quis garantir que eu estava preparada e, gentilmente, se convidou para minha casa com a desculpa de querer estar com o neto. E que bela mentirosa ela! Graças a Deus ela estava por lá porque nada como alguém que passou por quatro furacões para te dar dicas que Google nenhum saberia. E não foi nada de mais, mas ela trouxe a graça e a comida que eu precisava. Enquanto meus olhos estavam para o bebê, os dela estavam em mim. Talvez ela nem tenha planejado, mas o amor faz isso… E ela, assim como outros mais, foram fundamentais para que eu pudesse apreciar o meu “olho do furacão”. A tal rede de apoio… marido, sogra, tias, amigos e um grupo de apoio ao puerpério que me empoderou do que meu estudo prévio não tinha conseguido fazer. Eu acreditava que tudo tinha uma teoria, um método. Aluna aplicada que sempre fui, precisa de fatos.

Mas o fato é que não precisamos de cursos para aprender a ser mãe, precisamos aprender a ouvir… o coração, a intuição, a presença divina, o que quer que seja. Precisamos confiar e aí está ele: o olho do furacão. Um momento de iluminação, calma e leveza em meio ao caos. Um momento de tomar o poder a si e saber que tudo vai mudar, mas você certamente sairá dessa mais forte. É um clique tão sutil, mas tão transformador. Ow botãozinho difícil esse.

O furacão não passou, mas agoooora você está mais preparada. Já mais ou menos sabe o que vem. A metáfora é inconclusiva porque esse furacãozinho ainda vai ficar na sua vida fazendo uma boa bagunça por muuuuuuito tempo. E vocês vão se entender.

Então você agora já domina o advento, a maternidade. Repare o que tiver para reparar: casamento, trabalho, família, corpo, alma. O bom e meu maior aprendizado foi que, para alguém que já não se considerava muito apegada às coisas materiais, eu fiquei ainda menos depois do furacão. Você percebe que o que é verdadeiramente importante não se carrega numa mala. A vida fica mais simples.

E por essa e tantas outras, o plano inicial da minha carreira foi pro brejo: Continuar plena no estilo workaholic na vida de empresária viajante. Doce ilusão. Simplesmente não combinava mais. Minha prioridade era amamentar o bebê, admirar seu desenvolvimento, fazer parte. Não mais a campanha do cliente que não me dá ouvidos e se acha tão marketeiro quanto eu. Sabe, a gota d’água estava prestes a acontecer.

Kalil trabalhou comigo desde 1 mês de vida. E funcionou por um tempo… ele era a gracinha por onde passava. Os clientes foram super compreensíveis em recebê-lo em nossas reuniões. Viagens, deadlines, reuniões, projetos… Mas não estava certo. O MEU projeto de vida estava sendo negligenciado. Eu o estava arrastando pra um ambiente de pressão, cobranças, prazos, estresse. E então veio o Covid, como a grande lição que a vida me trouxe.

Eu, uma procrastinadora de primeira, não conseguia pensar em outra coisa que não a “carreira” que havia construído e a falsa sensação de uma empresa consolidada com mais de 10 anos. Covid veio com 10x a potência do furacão e levou tudo. E eu fiquei aliviada. Uma covardia que só vendo. O que eu não consegui fazer em anos de insatisfação, a pandemia fez em um mês. Afastou todo o conformismo travestido de oportunidades que havia por perto. E me fez parar.

Meu digníssimo sócio, na vida e no trabalho, Murad não perdeu a chance de me fazer um convite à reflexão: O que nos move? Verdadeiramente. Qual é o propósito? Temos uma chácara, que podia ser super produtiva, mas estava esquecida porque nossos olhos só viam a empresa na cidade. Eu, que por minha vez, me via aprisionada a uma profissão escolhida na adolescência e sem coragem de mudar radicalmente porque “as pessoas gostam do que eu faço”. Oi? E eu? Me vi então no grande dilema da minha agora matrescência. Mãe de um bebê maravilhoso, esposa de um sonhador e com planos para muitos outros bebês. Eureka! A resposta gritava: volte ao sonho de infância… Ser médica? Ah não, não é pra tanto. O meu repertório na época não me permitia pensar em outros tipos de assistência. Mas era isso, quero ajudar outras mulheres a conduzirem sua escolha de parto e serem respeitadas e poder fazer parte de tantas histórias, e sim, vou compartilhar de minhas experiências da maternidade porque no pouco caminho que já percorri e, apesar de a internet ser um barsa do mundo digital, às vezes muita informação atrapalha mais que ajuda. Não precisamos de tanto, só precisamos do que já está em nós. Amor e instinto.

Descrevo brevemente o meu novo caminho de atuação: Doula, Educadora Perinatal e mãe. Sejam bem-vindos a esse mundo, no qual quem manda no prazo é a natureza. E que eu possa ser instrumento de informação e encorajamento para outras mães.

COMENTA AÍ, COMO FOI O SEU PUERPÉRIO?

QUAL O NOME DO SEU FURACÃO E GRAU DE INTENSIDADE DELE? RS

O meu foi furacão Kalil, intensidade 2. (parece álbum de funk. kkkkk)

COMENTA AÍ, COMO FOI O SEU PUERPÉRIO?

QUAL O NOME DO SEU FURACÃO E GRAU DE INTENSIDADE DELE? RS

O meu foi furacão Kalil, intensidade 2. (parece álbum de funk. kkkkk)